quinta-feira, 26 de junho de 2014
sábado, 21 de junho de 2014
O SACERDÓCIO PERFEITO!
Nos dias atuais vivemos uma espécie de crise
de identidade espiritual. Por conta de algumas linhas doutrinarias, em especial
os neopentecostais e alguns pentecostais, o papel do pastor (aqui entenda-se
também outras funções eclesiásticas relacionadas, como bispos, presbíteros e
etc) tem se confundido com os sacerdotes do Antigo Testamento. A ênfase que se
tem levantado busca colocar o pastor como um intermediário entre Deus e os homens.
Para isso é preciso entender o que é cada um.
QUEM ERA O SACERDOTE
No Antigo Testamento, descendente de ARÃO
separado para servir como oficiante no culto realizado primeiro no TABERNÁCULO
e depois no TEMPLO. O sacerdote era MEDIADOR entre Deus e o povo, oferecendo
SACRIFÍCIOS e orando em seu favor (Êx 28-29; Lv 21; 1Cr 24). Antes de Arão já
havia sacerdotes (Hb 7.1-3). No NT, todos os cristãos são sacerdotes (Ap 1.6;
5.10).
O sacerdote era um ministro investido de
autoridade, servia como mediador entre Deus e os homens. O sacerdote só poderia
tomar mulher que fosse de sua própria nação, virgem ou viúva, não repudiada,
cuja genealogia se interligasse com a dos sacerdotes, pois estava sujeito a
leis sacerdotais - (Lv.21). Deus desejava tornar a nação de Israel como um
reino sacerdotal (Ex 9.6) mas, em falhando, escolheu a família de Arão para ser
a família de sacerdote, que se perpetuou (Ex 28.1;40,12-15; Nm 6.40)
Arão da tribo de Levi foi o primeiro sumo
sacerdote:
a) Foi chamado por Deus (Hb 5.4)
b) Vestidos santo para glória e ornamento (Ex
28.2)
c) Purificado (Ex 29.4)
d) Coroado (Ex 29.6)
e) Cingido (Ex 29.9)
f) Ungido e santificado (Lv 8.12)
g) Submisso a consagração (Lv 8.24-27)
FUNÇÕES DO SACERDOTE
O sacerdote era sujeito as leis especiais
para ministrar (Lv 10.8). Suas obrigações eram de três categorias: 1. Ministrar
no santuário perante o Senhor; 2. Ensinar ao povo a guardar a Lei de Deus; 3.
Tomar conhecimento da vontade divina, consultando o Urim e Tumim (Ex 29.10; Nm
16.40; Ed 2.63) O Urim e Tumim (luz e Perfeição), era o nome de um ou mais
objetos pertencentes ao racional do juízo que o sumo sacerdote trazia ao peito
quando se apresentava ao Senhor (Ex 28.30). Era para consultar a vontade de
Deus em casos difíceis de interesse do povo (Nm 27.21; Jo 1.1; etc).
QUEM
ERA O PASTOR NA IGREJA PRIMITIVA
No Novo
Testamento encontramos três designações para a mesma pessoa que é responsável
pela condução da igreja, do povo de Deus. Em Atos 20:17,28, encontramos o
apóstolo Paulo reunido com os anciãos da igreja de Éfeso (v.17), aos
quais chama também de bispos e declara que foram constituídos para
exercerem a tarefa de pastoreio. Neste texto fica estabelecido que na
igreja primitiva o que pastoreava era, também o bispo que supervisionava e,
ainda, o ancião (ou presbítero) que ensinava, aconselhava exortava.
Daí por
diante, vamos encontrar o apóstolo Paulo sempre se referindo aos incumbidos de
dirigirem as igrejas de Cristo, como pastores, ou presbíteros, ou bispos (leia
Ef. 4:11; Hb. 13:7,17 e Tito 1:5,7) e nunca se referindo a eles como pessoas
diferentes em cargos diferentes. O que precisamos entender é que o líder da
igreja, na realidade, desempenha três funções essenciais para a condução do
povo de Deus.
1. Pastor. Em Efésios 4:11 o apóstolo Paulo usou a expressão grega poiménas que significa literalmente
pastores. Em Hebreus 13:7,17, a expressão usada é uma derivação de eiguéomai que significa chefe, condutor,
que exerce governo. Para entendermos bem a função de pastoreio, podemos ler as
explicações de Jesus encontradas em João 10:1-11. O Pastor é quem tira as
ovelhas para fora do curral (v. 3 e 4); é quem vai adiante delas indicando-lhes
o caminho; é quem chama pelas ovelhas dizendo-lhes do perigo (v.4); é quem deve
estar alerta contra os animais ferozes que rodeiam o rebanho (v. 11 e 12).
Para que
um pastor possa desempenhar bem a sua função, são requeridas na Bíblia algumas
atitudes das ovelhas para com ele:
a) Precisa ser seguido (Hb. 13:7). Não se pode imaginar um pastor que
esteja sendo conduzido pelo rebanho, que deixe que o rebanho o conduza.
Infelizmente alguns crentes em muitas ocasiões não se conformam em serem
ovelhas e passam a querer conduzir o pastor, passam a querer governar o pastor,
dizendo-lhe o que deve fazer e por onde deve andar. Não é por acaso que o povo
de Deus é comparado a um rebanho de ovelhas e não é também por acaso que
pastores foram constituídos para estarem adiante do rebanho. Ovelhas precisam
seguir por caminhos bíblicos, seguros, e é o pastor quem deve conduzi-las.
b) Precisa ser obedecido (Hb. 13:17), porque são os pastores que velam
pela vida espiritual dos que compõem a igreja. Existem igrejas onde os encarregados
de velarem pela vida espiritual são componentes de uma comissão, ou são os
diáconos, ou são outras pessoas quaisquer. Mas esta função é atribuída na
Bíblia somente aos pastores, porque são eles que darão contas das almas das
ovelhas. Muitas pessoas querem ter o privilégio de conduzir, de ditar normas
nas igrejas, mas somente o pastor é quem dará contas do rebanho a Deus. Por
isso mesmo ele deve ter cuidado na condução do rebanho, sabendo que este
não lhe pertence e que deve ser conduzido segundo os padrões pré-estabelecidos
pelo Senhor das ovelhas, que são encontrados nas Escrituras.
Os
pastores devem também ser obedecidos para que a igreja desfrute de uma condução
alegre e agradável para ela própria. Quando os pastores gemem debaixo da pesada
carga da desobediência das ovelhas, as igrejas também sofrem.
2. Bispo. A
expressão grega traduzida por bispo é episkopoi,
que significa superintendente, supervisor. Retornando a Atos 20:28, lemos que o
pastor é constituído bispo da igreja pelo próprio Espírito Santo. Um pastor que
tenha convicção da sua vocação, do seu ministério, não tem coragem de passar o
episcopado a outra pessoa por sua própria vontade. Ele precisa assumir esta
função por mais pesada que lhe pareça, por mais árdua e ingrata que seja.
Pelo
desejo de poder, há pessoas que desejam se tornar superintendentes das igrejas
de Cristo, mas talvez não percebam o grave erro em que estão incorrendo, porque
é o que desejam por suas próprias vontades, quando é necessário que sejam
vocacionadas pelo Espírito Santo para tal obra.
Em
algumas igrejas a função de supervisão, de superintendência, é atribuída a um
grupo de irmãos e em outras a uma só pessoa, mesmo não sendo o pastor. No
entanto, diante do Espírito de Deus, quem dará contas dessa função é o pastor
da igreja. Há muitos crentes, há diversos dons do Espírito Santo distribuídos
aos crentes nas igrejas de Cristo, mas a supervisão de todos cabe sempre ao que
recebeu o dom de pastorear o rebanho.
3. Ancião. No
grego presbyteroi, daí também usar-se
a expressão transliterada presbítero. Significa o que tem sabedoria, o que tem
capacidade para ensinar, conselheiro. É uma função herdada do Antigo
Testamento, do povo hebreu, que tinha seus anciãos, seus conselheiros. Por
isso, escrevendo a Timóteo, dando instruções a respeito do estabelecimento de
bispos sobre as igrejas, o apóstolo Paulo disse que devem ser aptos para
ensinar (1Tm 3:2).
Esta é
uma função do pastor. Ele pode delegar poderes a alguém para ensinar à igreja
que conduz, para auxiliá-lo em seu ministério, mas deve fazê-lo
conscientemente, conhecendo a firmeza doutrinária daquele a quem está delegando
a tarefa, porque o pastor, ao delegar poderes para o ensino, não se exime da
responsabilidade do ensino. É ele quem dará contas a Deus do rebanho que conduz
e que pertence ao próprio Senhor.
Na atualidade
Há uma forte tendência no meio evangélico de
associar o ministério pastoral ao ofício sacerdotal. É possível que isto ocorra
em função da grande valorização dos textos do Antigo Testamento, sobretudo
entre os pentecostais e neopentecostais como citei acima. Até porque, na Igreja
neotestamentária, por mais que procuremos, não conseguiremos encontrar tal
ofício. Conquanto Jesus tenha instituído os apóstolos e estes tenham instituído
os diáconos, em momento algum fala-se a respeito de sacerdotes como líderes
cristãos.
Até mesmo nas relações de dons e ministérios
(Rm 12.5-8; 1Co 12.28; Ef 4.11), onde vemos pastores, evangelistas, profetas e
doutores, o sacerdote não aparece. Certamente, o ofício sacerdotal não figura
nos textos mencionados porque o Novo Testamento atribui o sacerdócio a todos os
crentes em Cristo. É claro que, nesse contexto, o pastor pode ser enquadrado
como sacerdote. Contudo, vale ressaltar que o aspecto da mediação implicado na
pessoa do sacerdote não pode ser atribuído a nenhum ser humano, pois conforme
assevera a Bíblia Sagrada “[...] há um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Tm 2:5). O ofício sacerdotal
apresentado nas páginas do Velho Testamento apontava única e exclusivamente
para o ministério de Cristo, sacerdote supremo, que ofereceu-se como sacrifício
perfeito para perdão dos nossos pecados, concedendo-nos acesso direto ao Pai.
Defender a idéia de que o pastor é sacerdote
é o mesmo que crer nos santos da igreja católica. Porquanto, os crêem na
intercessão desses seres, advogam que por estarem mais próximos de Deus, o que
pedirem Ele ouvirá. Por conta disso, pedem aos santos para que estes peçam a
Deus. É exatamente assim que muitos crentes agem, ou seja, pedem ao pastor que
ore por eles, pois crêem que a oração de um “sacerdote” tem mais
poder, e por ser “sacerdote” está apto a realizar tal mediação. Para quem pensa
assim a oração do pastor é mais forte do que as dos demais membros. Que
absurdo! O pior de tudo é que alguns líderes incentivam tal pensamento.
Esse raciocínio contraria não só a Bíblia
como também a lógica. Porquanto, da mesma forma que o pastor intercede pelas
ovelhas, estas devem interceder por ele. Ora, como alguém que precisa que orem
por ele, tal como solicitou o apóstolo Paulo (Ef 6.18,19; 1Ts 5.25), terá uma
oração mais poderosa que a dos outros? Não faz sentido. Se a oração do pastor
fosse tão poderosa, não seria necessário que alguém orasse por sua vida, pois
sua própria oração bastaria.
As funções que o texto bíblico atribui aos
sacerdotes, no Velho Testamento, à exceção do ensino, nada têm a ver com as
atividades pastorais. Isto porque, seu ministério estava mais ligado à
apresentação de ofertas e sacrifícios e aos ritos inerentes ao culto judaico.
Se tratava de uma figura associada ao Estado, com alto status social e
extremamente distante do povo. As pessoas não conviviam com eles, como
acontecia no Novo Testamento com Jesus e seus apóstolos, elas precisavam ir até
eles, visto que ficavam no templo.
Ligar o oficio sacerdotal com o ministério
pastoral é distanciá-lo do povo, é desumanizá-lo. É justamente por conta disso
que surge uma série de crenças equivocadas acerca dos poderes do pastor. Há
quem creia, inclusive, com base nas bênçãos declaradas pelos sacerdotes, que o
pastor possui poder para abençoar pessoas. Entretanto, nem pastores nem sacerdotes
possuem tal poder. A Bíblia afirma claramente no salmo 62.11 “que o poder
pertence a Deus”. Além disso, em Números 6.22-27 quando é proferida a conhecida
“bênção araônica”, embora Deus fale
a Moisés que essa seria a maneira de abençoar seu povo, a declaração diz “O
Senhor (não o sacerdote) te abençoe e te guarde; O Senhor (não o sacerdote)
faça resplandecer seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor (não
o sacerdote) sobre ti levante o Seu rosto e te dê a paz”. Amado, nem
pastor, nem sacerdote, nem pai, nem mãe tem poder para abençoar alguém, só Deus
pode fazê-lo.
O pastor, na verdade, como evidencia a
etimologia da palavra, tem como função cuidar do rebanho, isto é, apascentar. O
pastor foi comissionado para cuidar de pessoas, não para realizar rituais. Os
únicos ritos que Jesus ordenou que seus ministros observassem foram o batismo e
a ceia do Senhor. Fora isso, o que os pastores precisam é possuir as
características relacionadas em 1Tm 3.1-7, as quais dizem respeito aos aspectos
morais e espirituais inerentes ao ministério pastoral. Cabe ressaltar que, em
nenhum momento são mencionadas, no texto em questão, características ou
requisitos necessários para o ministério sacerdotal. Ademais, não é dito que o
pastor terá super poderes. Sendo assim, podemos concluir que pastor e sacerdote
são figuras pertencentes a contextos totalmente distintos.
No amor de Cristo,
Pr.
Rogério Augusto Geraldo
Bacharel
em Teologia e pastor de ensino na
Igreja
Cristã Unção e Comunhão de Bauru
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